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Você escuta pra entender ou pra responder?
Planning News | Edição #004

Eu e o Marcelo Germano, fundador da EAG
“Duda, o que você percebe como padrão nas empresas que você atende? Qual é o principal ponto que trava as coisas?”
Essa foi a primeira pergunta que o Marcelo Germano me fez na gravação de um podcast que eu participei na última terça-feira.
Voltei a Florianópolis-SC para gravar mais um episódio de um podcast EAG Educação com o Marcelo Germano — pra quem não o conhece, ele é fundador da EAG (Empresa Autogerenciável).
O Marcelo é empresário, mentor e uma das maiores referências em gestão e cultura organizacional no Brasil.
E o podcast dele é um espaço onde ele entrevista líderes, especialistas e empreendedores pra falar sobre o que realmente move uma empresa: processos, pessoas, tecnologia, cultura, mentalidade e liderança na prática.
Foi a segunda vez (que honra!) que sentamos frente a frente diante dos microfones, mas a verdade é que a troca com ele acontece há quase 3 anos — principalmente fora das câmeras, ele é uma pessoa que eu respeito e admiro muuuito!
O primeiro podcast que eu gravei com ele foi em Março de 2023, se você quiser assistir depois eu vou deixar aqui embaixo:
E o novo epódio que gravei essa semana vai ao ar daqui alguns dias e aí eu te conto quando for, combinado?
Mas enfim, vamos falar sobre a resposta que eu dei quando ele me perguntou:
“Duda, o que você percebe como padrão nas empresas que você atende? Qual é o principal ponto que trava as coisas?”
A verdade é que eu não precisei pensar muito e respondi quase que por impulso:
“A comunicação.”
Foi a minha resposta — e também o tema que atravessou minha semana em muitas camadas.
Poderia ter falado sobre planejamento, sobre processos, projetos, sobre clareza estratégica. Mas respondi com a convicção de quem já viu isso em centenas de contextos diferentes: a comunicação.
“Toda vez que há um problema nas empresas, quase sempre você encontra uma conversa que deixou de acontecer.”
Esse é o grande gargalo. A origem de tantos ruídos, conflitos, desalinhamentos e desgastes emocionais.
Nas entrelinhas de metas não cumpridas, de times desmotivados, de projetos que perdem o rumo, está quase sempre a mesma questão: algo foi mal comunicado — ou nem chegou a ser dito.
E não é uma impressão solta.
Mas eu já já vou me aprofundar sobre isso e te explicar o motivo e trazer alguns dados.
O fato é que eu não imaginava que 48 horas depois daquela gravação, eu mesma me tornaria personagem de uma história sobre falhas de comunicação.
E seria no lugar mais próximo possível: dentro da minha própria empresa.
Por isso hoje eu quero compartilhar com você sobre algo vivo e real, vivido por mim nos últimos dias mas também trazer 5 aprendizados principais que eu levo comigo a partir daqui, seja pra vida e também para os negócios.
Continue lendo.
A comunicação me deu um tapa na cara
Dois dias depois daquela gravação, na quinta-feira, vivi uma situação real que não foi muito legal. Sabe um daqueles episódios que te obrigam a olhar para si, com um certo desconforto e pensando “puts pra que eu fui fazer isso” — mas também com acolhimento e falando “tudo bem, na próxima você melhora”.
Eu não sei você, mas eu Duda tenho várias conversas internas comigo, e tive algumas depois de um momento onde vivi uma conversa um pouco atravessada com a Marina, minha sócia.
Era um tema delicado. Eu poderia ter falado de outro jeito com ela. Poderia ter esperado e ter falado em outro momento. Poderia, talvez, ter escutado antes de querer resolver.
Mas não fiz nada disso…
Reagi. Falei no impulso. Foquei em algo que não era necessário naquele momento. Usei palavras talvez duras demais para um momento um pouco sensível.
E ali, eu vi mais uma vez na prática o que sempre falo nos cursos, nas consultorias, nos textos: a comunicação não é sobre o que você fala, é sobre o que o outro entende e principalmente sobre como a outra pessoa se sente.
“Uma equipe alinhada não é feita de pessoas que concordam com tudo, mas de pessoas que se comunicam com clareza.”
A conversa não tava fluindo e as duas reconheceram não estar num mood legal pra continuar e ela me contou que ficou chateada com a forma como eu disse o que disse (porque estamos construindo esse lugar seguro pra que a gente sempre possa ser honesta uma com a outra inclusive quando algo não tá legal).
A gente pausou a conversa. Decidimos voltar ao assunto depois.
Só que no meio disso a gente ainda tinha outras coisas pra fazer. Trinta minutos após aquela troca meio esquisita, nós duas estávamos juntas numa reunião de rotina com o jurídico da nossa empresa, conversando normalmente, trabalhando juntas e resolvemos o que precisávamos. Fizemos o que era pra ser feito. Juntas.
No Slack, onde a conversa difícil começou, deixamos tudo em silêncio. Mas nos outros canais, a gente conversou normalmente.
Pouco tempo depois estávamos trocando mensagens no WhatsApp - Duda e Marina amigas - porque as tretas de sócias ficam na empresa, mas a nossa amizade permanece fora do CNPJ também.
E que bom porque graças a conversas difíceis e uma certa maturidade e uma busca constante por sermos melhores a gente continua evoluindo também como pessoa e profissionais e hoje consegue separar isso, mas nem sempre foi assim ou fácil, não mesmo…
Já na sexta tivemos excelentes reuniões juntas, foi leve, foi bom e não senti nenhum impacto ou estrazenha. Ao contrário e eu continuo achando ela uma das pessoas mais incríveis do planeta terra, admiro quem ela é como pessoa e profissional e seguimos nossa trajetória, escrevendo essa história maluca e viva com a gestão, projetos, processos e o Planning is Cool.
Na sexta eu também abri esse tópico no Slack e fui reconhecer que eu errei e pedir perdão (eu me expresso melhor escrevendo, não é a toa que escrevo uma newsletter haha) e fui honesta com ela aqui:

A little bit intensa e humana que sou kkk
A gente foi transparente uma com a outra e vamos seguir buscando aprender e evoluir juntas.
E apesar de conversas difíceis e necessárias, a vida segue e ontem por exemplo jantei na casa dela e a gente fez uma noite de sopa juntas porque combina super com o friozinho atual de Curitiba, já tava planejado e só continou.
Nem se quer falamos de trabalho, o foco foi vida porque vida vai além de trabalho e o que fazemos é só uma parte do todo que somos.
A mesma pessoa, várias versões

Algumas das tantas versões que eu sou
Naquele dia, fui três versões de mim para a mesma pessoa.
Fui a sócia que errou.
A profissional que entregou o que precisava ser feito.
E a amiga que ama, que cuida, que manda “boa noite” e “eu te amo” antes de dormir.
E nenhuma dessas versões era mentira.
Isso me fez lembrar de uma conversa que tive alguns meses atrás com a minha psicanalista. Estávamos falando sobre essas camadas que existem dentro da gente — sobre as diferentes versões que mostramos para o mundo, dependendo do lugar, da situação, da pessoa.
Em determinado momento, ela me perguntou:
“Qual personagem a Duda precisa acessar hoje?”
Na hora, resisti. Disse que não queria fingir, que eu não queria ser um “personagem” e não queria me esconder atrás de um papel. E ela, com toda a calma do mundo e paciência de sempre, me respondeu:
“Não é fingimento. É funcionalidade. É consciência.”
Ela me explicou sobre a origem da palavra personagem que vem de persona, que vem do latim, do teatro grego. A persona era a máscara usada pelos atores — não para esconder o rosto, mas para amplificar a voz. Era por meio dela que a mensagem alcançava a plateia.
A persona, então, não é sobre performance.
É sobre presença.
Sobre saber qual parte de você consegue comunicar melhor naquele momento, naquele contexto.
Desde essa conversa, passei a ver minhas versões com mais gentileza, confesso.
Ser a mesma pessoa com versões diferentes não me torna menos íntegra — me torna mais consciente.
E talvez comunicar bem seja isso: não se manter idêntico em todos os lugares, mas ser inteiro onde você estiver.
Saber quem você precisa ser naquele momento para que a mensagem realmente chegue como precisa.
“A comunicação bem-feita economiza retrabalho, desgaste emocional e dinheiro.”
O que essa semana me ensinou
Vou compartilhar aqui 5 registros sobre os aprendizados e algumas reflexões da semana:
1. Reagir rápido me afasta do que é mais importante.
Lembrei de O Monge e o Executivo, um livro que marcou minha vida e sempre falo dele, li na minha pós-graduação em Liderança Transformacional que fiz em 2015-2016. Ele fala que a maioria das pessoas escuta pra responder — e não pra entender.
Essa semana, eu escutei com pressa.
Na próxima, quero escutar com mais presença e interesse no outro.
2. Reconhecer que errei é uma escolha de consciência, não um peso.
Teve um momento que eu percebi: fui eu quem causou ruído.
Não me culpei por isso. Mas também não me escondi.
Assumir minha parte não me diminuiu. Me fortaleceu.
É sobre se responsabilizar sem se punir mas principalmente assumir pra outra pessoa que a gente erra é libertador (e isso por si só já tira um peso gigante).
3. Conversas difíceis podem ser mais íntimas do que um abraço.
Quando a gente se dispõe a conversar mesmo no desconforto, algo se abre.
Não é sobre brigar. É sobre atravessar junto.
E atravessar junto fortalece sempre.
4. Comunicação começa na forma como a gente se escuta.
Antes de querer ser clara com o outro, eu preciso estar clara comigo.
“O que eu tô sentindo?”
“O que eu quero expressar?”
“Tá vindo do meu ego ou do meu cuidado?”
“Tá justo, tá ético, tá humano?”
5. Nem toda conversa precisa acontecer na hora.
Pausar também é sabedoria.
É dar tempo para digerir, para pensar, analisar, respirar e conseguir olhar talvez com um poquinho menos de defesa.
A hora certa faz toda diferença.
E o tempo, quando respeitado, vira espaço de aprendizagem e cura.
Comunicação é como a luz em uma sala escura
Ela não resolve todos os problemas.
Mas ajuda a enxergar onde eles estão.
Sem luz, a gente tropeça em coisas pequenas.
Coisas que, no claro, seriam simples de desviar, de contornar, de cuidar.
Mas no escuro, ganham proporções maiores. Viram incômodos, mal-entendidos, machucam.
E o pior: às vezes machucam quem está mais perto.
Não porque a gente quis. Mas porque não estava enxergando direito.
A comunicação tem esse papel: ela não evita o desafio, mas traz clareza sobre ele.
Quando a gente se comunica com honestidade, intenção e escuta… é como acender a luz antes de entrar na sala.
Você vê onde estão os obstáculos.
Você evita esbarrar no outro.
Não tem susto. Não tem medo.
Não tem tensão no ar.
Tem presença. Tem clareza.
Por isso, toda vez que você sentir que algo está estranho no seu time, na sua empresa, na sua relação com alguém… antes de sair apontando, se defendendo ou se calando: acenda a luz.
Pode ser com uma pergunta simples:
“Tá tudo bem de verdade?”
“Quer me contar como você se sentiu com aquilo?”
“Será que a gente pode realinhar esse ponto?”
Comunicar é iluminar.
“Toda empresa é uma empresa de comunicação. Algumas só não perceberam ainda.”
E quando a luz acende, a clareza aparece.
Antes de pensar em melhorar os processos, se pergunte como você pode melhorar a comunicação.
Vamos aos dados e fatos?
Pra gente pensar junto e ficar mais inteligente 🧠🤓
O impacto da comunicação em números (spoiler: é gigante)!
Trouxe aqui embaixo alguns dados que eu já vi sobre isso, principalmente do Project Management Institute (PMI). Minha intenção é que isso também seja insumo pra expandir nosso repertório e possamos contruir um espaço para pensar sobre comunicação como algo com mais impacto dentro das empresas (e nas nossas vidas né):
De acordo com o (PMI), problemas de comunicação são a principal causa de falhas em projetos em um terço dos casos.
Projetos têm 33% mais chances de falhar devido à comunicação ineficaz.
86% dos funcionários atribuem falhas no local de trabalho à comunicação ineficaz.
E também vi no LinkedIn que segundo a Sociabble, a má comunicação é um dos principais fatores que levam a falhas no ambiente corporativo.
A mesma pesquisa da Sociabble indica que uma comunicação interna clara e transparente aumenta significativamente a retenção de talentos. Empresas com estratégias eficazes de comunicação têm 4,5 vezes mais chances de reter funcionários 😱
#FicaDica pra quem diz que as pessoas “não param na empresa” rsrs.
E já um estudo da McKinsey mostrou que a comunicação eficaz pode melhorar a produtividade em até 25%. As equipes com comunicação eficiente e alinhada podem aumentar sua produtividade em até um quarto! Forte isso, né?
É meus amigos e minhas amigas, é fato que Peter Drucker já disse: “A comunicação é a solvente universal para todos os problemas."
…mas puts como é difícil, né?
A comunicação não é uma ciência exata.
É subjetiva, cheia de camadas, atravessada por emoções, crenças, pressa, medos, traumas, interpretações de mundos diferentes e até por dias ruins.
Você acha que foi claro… o outro entendeu outra coisa.
Você quis ajudar… e soou invasivo.
Você falou com amor… mas foi lido com dureza.
Porque comunicar bem não é sobre controlar a interpretação do outro — é sobre assumir a responsabilidade pelo que se coloca no mundo.
É por isso que, dentro das empresas (e também nas nossas relações pessoais), a comunicação precisa deixar de ser vista como algo só “intuitivo” e começar a ser tratada como um pilar estratégico.
Ela está presente em tudo:
Nas reuniões que poderiam ter sido um e-mail.
Nas decisões que não foram comunicadas e viraram ruído.
No tom da voz.
Nos documentos da operação.
Na forma como o cliente é atendido.
No jeito que o time fala um com o outro no grupo da empresa.
Tudo comunica. Sempre.
Talvez a pergunta certa não seja “o que está errado?”
Mas sim: “o que não está sendo dito com clareza?”
E isso vale pra dentro e pra fora.
Vale pro outro — e vale pra você também.
Porque a comunicação que transforma não é a perfeita.
É a que se propõe a melhorar um pouquinho mais a cada conversa.
Do insight à ação
Esse é um “quadro novo” que quero testar aqui na Planning News pra ver sua opinião (inclusive se puder votar na newsletter de hoje quando terminar sua leitura e deixar um comentário, eu vou amar ler sua opinião).
Continuando…como eu envio a newsletter sempre aos domingos 08h08 quero começar a sugerir uma ação prática para a semana.
Por enquanto escolhi esse nome Do insight à ação pra essa sessão final.
Por que insight?
Um insight é aquele momento em que uma ideia faz clic dentro da sua cabeça.
É quando algo que estava meio nebuloso de repente fica claro, sabe?
Em outras palavras, insight é uma compreensão repentina — uma conexão que você faz entre informações, sentimentos, vivências ou aprendizados que talvez já estivessem ali, mas ainda não tinham sido organizados de forma consciente.
Um insight é diferente de apenas “entender algo”.
É sentir que algo fez sentido — e, muitas vezes, querer agir a partir disso.
Uma vez, minha psicanalista me disse que o insight só encontra quem está pronto pra compreendê-lo.
Guardei isso.
É por isso que duas pessoas podem ver o mesmo filme, ouvir a mesma frase ou ler o mesmo texto… e saírem com interpretações completamente diferentes.
Porque o insight não está no conteúdo em si.
Está no encontro entre o que foi dito — e o que você estava precisando ouvir naquele momento.
É a mente e o coração se abrindo ao mesmo tempo.
É por isso que, às vezes, um trecho de livro que passou batido meses atrás, de repente te atravessa “do nada”.
Ou aquela fala de alguém volta na memória bem na hora certa e boom parece que tudo fez sentido agora.
Insight é isso: algo que você só enxerga quando está pronto pra ver.
Por que ação?
Uma das coisas que eu gosto de pensar a partir do que eu aprendo é agir e praticar, e ó que curioso, eu sou super fã do método GTD né e aprendi com o David Allen a pensar sempre em “próxima ação”, então é um pouco comum a minha cabeça focar nesse termo depois de uma conversa ou experiência “tá, qual é a próxima ação?…”
E aí junto isso com o que tento sempre focar na hora de aprender algo que é o Aprende&Aplica porque eu quero estudar muitas coisas, fato.
Mas infelizmente não dá no tempo que tem, então eu sempre foco em aprender aquilo que eu preciso para aplicar, assim o conteúdo vai se tornando algo vivo.
Ai juntei essas duas coisas que eu tento sempre levar comigo que é buscar aprender através da vida e do que vejo, vivo, escuto, tudo + agir com o que que eu tenho.
E sabe, eu não quero que essa newsletter seja uma coisa aleatória e mais do mesmo, eu gosto de coisas com significado e aos pouquinhos vou descobrindo o que trazer pra cá e como melhorar — pra isso conto com sua ajuda me deixando comentários e avaliando essa edição, combinado?
E enquanto isso vou testando coisas que conversam com quem eu sou pra tornar algo íntimo, honesto, pessoal e vivo aqui, pra ser leve, pra ser bom pra gente poder ter uma troca de verdade.
Por isso, aqui vai a ação pra semana:
Escolha uma conversa que está pendente — seja na vida ou na sua empresa — e dê o primeiro passo pra ela acontecer.
Não precisa ser sobre um grande problema. Pode ser um simples ajuste, um alinhamento, um agradecimento, um pedido de desculpas ou até um “senti sua falta, tá tudo bem por aí?”
O que importa é abrir espaço.
Porque toda boa comunicação começa quando alguém tem a coragem de dizer: “Podemos conversar sobre isso?”
E às vezes, essa simples frase muda tudo…
Então aqui vai o convite: acenda uma luz essa semana.
Em algum lugar que você sente que tá meio escuro, meio embolado, meio mal entendido.
A vida é feita dessas conversas.
As boas empresas também.
Com afeto,

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