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Você já caiu na armadilha do perfeccionismo?

Planning News | Edição #017

Reprodução: Google - The Persistence of Memory 🎨 Artista: Salvador Dalí

Eu já. E estaria mentindo se dissesse que não.

Quem nunca caiu na armadilha do perfeccionismo que atire a primeira pedra.

Já perdi a conta de quantas vezes pensei: “ainda não está bom o suficiente… eu não sou boa o suficiente… eu não sei o suficiente, eu não me sinto preparada para isso, preciso saber mais.”

Aí olho pra realidade:

  • Boa o suficiente para quem, Duda?

  • Qual é o critério de análise? 

Às vezes a gente não vai estar preparado(a) mesmo e isso é só a realidade, só que encarar ela às vezes dói, eu sei.

Reprodução: Google

Só que não saber, abre espaço para aprender.

Todo mundo começa não sabendo, é a ordem natural do ciclo de aprendizagem, ou a gente abraça essa verdade, ou vai sempre paralisar com pensamentos e permanecer atrás do perfeccionismo que na verdade pode ser várias outras coisas.

Por isso, encarando a realidade, quando alguém me pergunta: ‘E aí, Duda, está pronta?’, eu sempre respondo: ‘Estou disposta!’ com um leve sorriso no rosto e a certeza no coração de que o meu compromisso é ser 1% melhor a cada dia.

Sei o quanto sou dedicada, é por isso que inclusive tenho a tendência a responder que eu não me considero uma pessoa perfeccionista, mas alguém que preza muito por eficiência, excelência e qualidade e isso são coisas diferentes.

Cresci curiosa, sendo aquela criança que perguntava sobre todas as coisas (e sou assim até hoje), tive lições valiosas ainda na infância e adolescência:

  1. Meu pai me disse que o maior talento que uma pessoa tem é a dedicação

  2. Minha mãe me mostrava na prática como ser criativa e usar o que temos no hoje pra fazer o melhor que a gente puder

  3. Minha irmã começou a me alfabetizar quando eu tinha 5 anos, brincando de escolinha, aprendi a ler antes da primeira série e me apaixonei por livros, ler e escrever histórias.

  4. Eu escrevia sobre coisas que eu queria viver no futuro e realidades diferentes das que eu conhecia, passava horas lendo e escrevendo.

  5. Na adolescência entrei pra uma escola de teatro, fiquei quase 1 ano e meio e aprendi a ver o improviso como algo que compõe um resultado único.

Cresci na periferia, lá a gente nem tem tempo pra perfeccionismo, a gente tem que fazer o que dá com o que tem na esperança de construir um futuro melhor para nós e para quem amamos.

Em 2004 eu conheci o filme A nova Cinderela que trago comigo uma das frases que mais usei na vida que é:

“Nunca deixe o medo de errar impedir que você jogue.”

E essa frase sempre me impulsionou.

Foi fazendo coisas totalmente fora do padrão e arriscando que consegui excelentes oportunidades de trabalho e conquistei a confiança de muitas pessoas.

Só que isso não significa que eu faço as coisas de qualquer jeito, ao contrário.

Eu tenho uma régua interna alta, confesso.

99,999% das vezes que faço algo eu nunca acho que tá bom o suficiente, mas eu também estou sempre movida a “quero dar o meu melhor” e construindo espaços pra poder evoluir e aprender e sempre penso:

Se eu não testar, não vou descobrir o que funciona.

Em 2014 o Emicida lançou a música com o Rael da Rima Levanta e Anda e ela virou tema de alguns meses da minha vida, eu ouvia sem parar e buscava forças pra continuar.

Vou deixar o link dela aqui se quiser ouvir depois, eu amo e naquele momento eu me via muito na letra.

Além disso me formar em teologia, me ajudou a entender minha missão no mundo e eu sei o real motivo por trás de tudo o que eu faço.

E quero conversar com você nessa edição de hoje sobre 5 possíveis caminhos pra escapar da armadilha do perfeccionismo no dia a dia, continue lendo:

A diferença entre excelência e perfeccionismo

Foto do prêmio eficiência dos milhões

Tem gente que confunde excelência com perfeccionismo e pra mim são duas coisas diferentes. Esse prêmio inclusive, me mostrou isso.

Foi um prêmio de eficiência, que destacou 3 coisas sobre mim:

  • Autonomia com responsabilidade

  • Disciplina com senso de urgência

  • Confiança inabalável

E ali eu entendi que além de ser eficiente, eu precisava ser excelente. A régua subiu.

Naquele ano eu fiz dezenas de novas coisas pela primeira vez e não tinha a “técnica” de gerenciar projetos, eu não me sentia preparada mas eu estava muito disposta a gerar valor dentro da empresa e fazer um bom trabalho pra poder crescer profissionalmente.

Eu amo estudar a teoria e aprender conceitos e metodologias, mas na prática a teoria é sempre outra, é por isso que acredito muito em aprender fazendo, aprender vivendo.

Eu prezo por excelência e qualidade, em tudo que eu faço, não só no trabalho.

Quero sim que seja excelente, eficiente e dê resultados mas isso não significa que eu me iludo achando que algo vai ser perfeito, não vai.

Existe uma linha tênue entre buscar excelência e cair no perfeccionismo, cuidado com ela (lembrete pra mim mas que serve pra nós).

Excelência é agir com cuidado, dedicação, intenção, qualidade, é agregar valor e trazer resultados.

Perfeccionismo é se paralisar com medo de não estar perfeito e muitas vezes nem agir.

Excelência abre portas, perfeccionismo pode fechar.

Excelência gera movimento, perfeccionismo faz tudo travar.

Excelência fortalece, perfeccionismo consome.

Essa diferença, embora sutil, é tudo. É ela que determina se você vai viver em fluxo ou em prisão.

O fluxo flui, a prisão..bom, aprisiona né.

E eu não gosto de nada que me cause uma sensação de prisão, eu gosto de me sentir livre, inclusive pra criar novas coisas.

O “medo” do julgamento

Às vezes nos encondemos atrás do perfeccionismo por medo do julgamento.

Nessa semana estava trocando mensagens sobre isso com a Camila, uma das minhas melhores amigas e ela compartilhou comigo uma frase que leu nos últimos tempos:

Você não tem medo do que os outros vão pensar de você, você tem medo que os outros pensem, o que você pensa sobre você mesmo(a).

A gente estava conversando sobre a forma que enxergamos a nós mesmas, nossa visão sobre quem somos e nosso papel no mundo.

Naquele momento, fui relembrada que a grande questão não era o julgamento externo, mas o meu olhar interno.

  • O que eu penso sobre mim?

  • Quais valores eu carrego?

  • Em que medida confio no meu trabalho?

É sobre entender que tem coisas que a gente não faz não porque não é capaz, é porque tem muito mais ideia do que tempo.

E aí, nisso, abre o espaço interno do julgamento.

E como muitas vezes nós somos nossos piores inimigos e o julgamento interno é pesado, por alguma razão a gente acha que o mundo vai enxergar a gente assim também.

Por isso, uma das minhas perguntas nessa newsletter hoje é:

O que você pensa sobre você?

Estou trazendo ela aqui porque eu também fiz esse exercício nessa semana.

Às vezes essa coisa do julgamento e medo se atravessa e ocupa um lugar de perfeccionismo e aí já era, a gente cai na armadilha…

Às vezes o perfeccionismo se disfarça de zelo, de capricho, até de profissionalismo!

Mas, no fundo, ele é uma prisão elegante: faz você acreditar que só vai ser reconhecida quando estiver impecável.

E enquanto isso… o projeto não sai, o e-mail não é enviado, a ideia nunca vai pro mundo.

“Se nasceu pronto, nasceu tarde."

— Karina Francis

A armadilha do perfeccionismo é essa: te convence de que está protegendo sua reputação, quando na verdade está sabotando seu futuro.

Mas como escapar dessa armadilha?

5 maneiras de escapar da armadilha do perfeccionismo

Com o tempo, eu percebi que o “perfeccionismo” vai perdendo força quando a gente encontra práticas que nos ajudam a agir mesmo diante da insegurança.

Não é mágica. É método. 

São formas de pensar e trabalhar que nos lembram que o progresso vale mais do que a ilusão da perfeição.

Quero compartilhar com você algumas que transformaram a minha forma de viver, criar e empreender:

1. Kaizen – o poder das pequenas melhorias

Reprodução: Google

Conheci essa filosofia japonesa em 2018 quando eu buscava formas de melhorar minha rotina. Pesquisando no Google caí nisso e me apaixonei pela forma simples e gentil de focar em melhoria contínua.

A palavra Kaizen vem do japonês: Kai = mudar Zen = para melhor

Ou seja: mudança para melhor.

Mas não qualquer mudança, sim mudanças pequenas, constantes e progressivas que, somadas, geram grandes transformações ao longo do tempo.

O perfeccionismo quer te paralisar porque ainda não tá bom o suficiente, o Kaizen lembra que basta melhorar 1% hoje e amanhã outro 1%.

No longo prazo, esse acúmulo vale infinitamente mais do que a perfeição nunca realizada.

Curiosidade: é dai que eu trouxe o Block by block que usamos no planning, entendendo que o progresso é lento e é bloco por bloco.

Kaizen pra mim não é só para negócios, mas para a vida como um todo, e também é algo que levamos pra nossa consultoria.

2. MVP – comece pelo essencial

O feijão com arroz bem feito.

MVP significa Minimum Viable Product (Produto Mínimo Viável).

É um conceito de desenvolvimento enxuto que propõe: lançar a versão mais simples e funcional de um produto, com o mínimo necessário para validar hipóteses e aprender com o mercado.

Mas eu Duda, gosto de pensar em MVP como Melhor Versão Possível de um novo produto que permite coletar o máximo de aprendizado com o mínimo de esforço (construir, medir/ouvir, aprender) até já falei sobre isso numa aula sobre produtos que eu dei pra IGPP.

Print de uma imersão que fiz com alunos e alunas do Planning

O MVP é a primeira peça do ciclo de aprendizagem:

  • Você constrói a versão mínima de algo.

  • Mede como o cliente reage.

  • Aprende se deve continuar, ajustar ou abandonar a ideia.

O “perfeccionismo” quer tudo pronto e impecável. O MVP ensina que começar com o essencial já é suficiente.

Não é sobre lançar algo inacabado, mas sim sobre entregar a melhor versão possível, validar, aprender e depois evoluir.

3. PDCA – o ciclo da melhoria contínua

Reprodução: Google

Conheci o PDCA quando comecei a estudar mais sobre processos e qualidade, e lembro de pensar: “caraca isso aqui é quase um mapa contra a ansiedade do perfeccionismo”.

PDCA é a sigla para quatro etapas:

P (Plan) – Planejar

D (Do) – Executar

C (Check) – Checar (avaliar o resultado)

A (Act) – Agir para corrigir e melhorar

É um ciclo porque, assim que você chega no “A”, pode começar tudo de novo.

O perfeccionismo faz a gente acreditar que precisa acertar de primeira. O PDCA mostra que errar faz parte do processo.

Nenhum projeto nasce perfeito: ele nasce de uma tentativa, que é revisada, ajustada e melhorada a cada ciclo.

Na prática, isso me ajudou a olhar para erros com outros olhos. Não como um fracasso, mas como um feedback que alimenta a próxima volta do ciclo.

E, se você reparar, o PDCA é uma forma estruturada de dar pequenos passos, exatamente o oposto de ficar paralisada esperando o momento perfeito.

Para mim, o valor do PDCA está em me lembrar que é melhor começar, medir e ajustar do que nunca tirar a ideia do papel.

4. Scrum – quebrar em partes

Se tem algo que alimenta o perfeccionismo é o tamanho das coisas.

Projetos grandes parecem impossíveis, e aí a gente trava.

Foi quando conheci o Scrum, em 2017, ainda no Ebanx, que percebi que havia uma saída: não tentar abraçar tudo de uma vez, mas sim quebrar em partes menores e entregar em ciclos curtos.

Em vez de planejar um projeto inteiro de meses e só ver o resultado lá no fim, você divide em sprints, que são ciclos rápidos (geralmente de 2 a 4 semanas). A cada sprint, algo é de fato entregue e validado.

Isso mudou completamente minha visão de projetos e de vida.

Eu entendi que não é preciso resolver tudo agora: basta entregar o próximo pedaço.

Cada microentrega é um progresso real, que gera aprendizado e clareza para ajustar o que vem depois.

No fim, o Scrum me mostrou que avançar em partes não é sinal de fraqueza, é justamente o que dá força e ritmo para que grandes projetos aconteçam sem paralisar no caminho.

E isso me trouxe um alívio enorme.

5. Design Thinking – colocar o usuário no centro

Reprodução: Google

Quando conheci o conceito de Design Thinking em 2019 com o Leandro da How Education eu fiquei 😱🤯😍

Enquanto o perfeccionismo me deixa presa em perguntas como “será que está bom o suficiente?”, o Design Thinking convida a trocar a lente: “será que isso resolve de verdade a necessidade de quem vai usar?”

Design Thinking é uma abordagem de inovação centrada no usuário. Em vez de criar algo isolado, aleatório da nossa cabeça, a gente parte da empatia, de entender profundamente quem vai receber aquilo.

Depois, você cria protótipos simples, testa rapidamente, ajusta e só então expande a solução.

Fonte: How Bootcamps - Formação UX Design.

Por que isso ajuda contra o perfeccionismo?

Porque o perfeccionismo é egocêntrico.

Ele gira em torno do eu, do nosso medo, da nossa régua, da nossa insegurança.

Já o Design Thinking coloca o nosso foco onde de fato ele deve estar na hora de criar soluções, a atenção para fora, para o outro, o foco é nas pessoas, suas dores e seus desejos.

E quando o foco muda, o peso do “perfeito” perde importância.

Inclusive, daí também que veio a bandeira de pessoas em primeiro lugar do Planning is Cool 💡

A How Education sempre foi uma boa referência de empresa pra mim, com princípios, valores e boas pessoas criando soluções.

Foi com eles inclusive que eu gravei o meu primeiro podcast em 2020.

Curiosidade: foi estudando Design Thinking que entendi melhor a importância de criar em ciclos. Prototipar, validar, ajustar. É um processo que conversa diretamente com a lógica do MVP e do PDCA inclusive.

No fim das contas, o Design Thinking me ensinou que perfeição é um conceito abstrato. O que importa é relevância.

Se faz sentido para quem recebe, já está bom para começar.

E isso é mais que suficiente, além de extremamente necessário.

No fim das contas, a armadilha do perfeccionismo é sedutora porque nos promete uma falsa segurança mas o preço que ela cobra é altíssimo: a nossa coragem de agir.

Esses cinco caminhos que compartilhei com você não são fórmulas mágicas, mas lembretes de que movimento sempre vence o medo.

  • O Kaizen me ensinou a celebrar o 1% melhor de cada dia.

  • O MVP me lembra que a melhor versão possível agora já é suficiente.

  • O PDCA me mostra que erro é só combustível para a próxima volta do ciclo.

  • As metodologias ágeis me ajudam a dividir grandes sonhos em passos pequenos.

  • E o Design Thinking me recorda que perfeição não importa: relevância sim.

Se existe algo que aprendi nessa caminhada é que ninguém está pronto de verdade. Mas disposição, dedicação e a coragem de arriscar podem nos levar muito mais longe do que esperar pela perfeição que nunca chega.

E é nessa construção (bloco por bloco, ciclo por ciclo, projeto por projeto) que a vida acontece de verdade.

Do Insight à ação

Movimento é o verdadeiro antídoto contra o perfeccionismo.

Refletir é importante. Mas se o insight não vira prática, ele morre dentro da gente.

E é exatamente aqui que o perfeccionismo costuma vencer: ele rouba a coragem da ação com a promessa ilusória de que “um dia, quando estiver perfeito, aí sim eu começo”.

Só que a vida não acontece no “um dia”. Ela acontece no agora.

Então, meu convite para você hoje é simples:

  • Qual é a ideia, projeto ou sonho que você vem adiando porque ainda não se sente pronto(a)?

  • O que seria a versão mínima possível desse sonho para hoje?

  • Qual é o próximo 1% que você pode melhorar?

Não precisa ser grandioso. Pode ser uma microação. Pode ser mandar aquela mensagem, esboçar aquela ideia, testar uma versão inicial, colocar no mundo o que já existe em você.

Porque, no fim, só quem se move descobre novos caminhos.

Se essa edição deixou uma pergunta pra você, que seja essa: “Qual pequeno passo eu posso dar hoje para sair da armadilha do perfeccionismo e entrar no fluxo do block by block?

Assim, a vida pode ser um pouco mais leve =)

Curiosidade: em vários momentos hoje eu pensei que essa newsletter não ficou como eu gostaria, que se eu tivesse mais tempo, que se eu revisasse novamente e estruturasse melhor, seria melhor e sim isso é um fato.

Mas atualmente eu gasto uma média de 6h/8h horas por edição (toda semana) pra escrever o que você lê aqui e é o tempo que eu tenho pra escrever. Então, o que eu conseguir dentro disso é o que vai ser enviado na melhor versão possível.

“Nada é tão bom que não possa melhorar.”

— Pio Carvalho

Mas o ponto é: achar que ela não está incrível não me impede de enviar porque eu sei que eu me dediquei escrevendo e compartilhando minha jornada viva.

Tô aplicando meu tempo aqui e pretendo fazer isso por pelo menos 5 anos se Deus assim permitir e nesse período eu tenho certeza que vou errar e aprender muito.

Eu quero criar coisas vivas e úteis. Não perfeitas.

Talvez pra alguns ela esteja incrível, pra outros, foi uma edição chata. Só que isso não é só sobre o MEU trabalho, é sobre a perspectiva do OUTRO também.

E aprender a separar isso foi essencial pra ter mais paz mental.

E é por isso que é importante você deixar o seu voto aqui sobre a edição de hoje, só assim eu descubro o que faz ou não sentido para quem está recebendo esse conteúdo.

Eu quero melhorar e me manter com o coração ensinável para descobrir como. Por isso sua opinião é importante no final desse conteúdo.

Reprodução Instagram @umapsicologia

E se eu pudesse deixar uma última lembrança para você hoje seria essa:

🌱 a vida não recompensa quem espera estar pronto, mas quem escolhe se mover apesar do medo.

Então, que essa semana você dê ao menos um passo, por menor que pareça.

Porque, quando a gente se move, a vida sempre se move junto.

Com afeto,

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