O que cabe dentro do tempo?

Planning News | Edição #019

Eu numa plantação de canola, no RS (03/08/25)

No meio de uma tarde aleatória há alguns meses atrás eu dei uma pausa e fui até o quintal de casa pra dar aquela respirada quando as coisas estão intensas e puxadas, sabe?

Era uma tarde de céu azul com vento gelado e eu amo dias assim.

Respirei fundo algumas vezes, soltei os ombros, dei aquela esticada e comecei a olhar algumas das plantas que ficam em cima do terraço.

A samambaia me chamou atenção, ela estava verdinha, florescendo, linda, cheia de vida.

Ao lado dela, tinham algumas outras plantas e uma delas era um cacto.

Ele me chamou atenção também porque estava feio, um pouco mofado, esquisito e com algumas partes um pouco acinzentadas (com uma cara nada saudável).

E sabe um daqueles momentos onde as coisas se conectam?

Eu vi o cacto e a samambaia e na hora pensei: é isso!

Não tem equilíbrio, tem contextos e necessidades diferentes.

Fiquei refletindo sobre crescimento saudável e priorização e trago esse exemplo do cacto e da samambaia sempre pra me lembrar que eu não posso querer aplicar a mesma energia e esforço em coisas diferentes.

Eu preciso entender: o que gera vida? o que vai fazer florescer?

E hoje quero conversar com você sobre isso, começando pelo mito do equilíbrio, continue lendo a edição de hoje para saber mais:

O mito do equilíbrio

“Como assim uma planta está morrendo e a outra viva e saudável?" foi o que passou na minha cabeça naquele momento.

Os 2 estão expostos a mesma coisa: a mesma luz, a mesma chuva, ao mesmo tempo de sol, ao mesmo contexto.

Releia a frase acima e encontre o erro 👀

Parece óbvio, né?

O tipo de coisa que quando a gente vê não tem como ignorar…

A real é que não dá pra gente tratar da mesma forma coisas que são diferentes.

Por que então a gente tenta fazer isso, buscando muitas vezes um “equilíbrio” para “dar conta de todas as coisas”?

Eu, Duda, não acredito em equilíbrio ou uma “rotina equilibrada”.

Equilíbrio sugere pesos iguais, energias divididas de forma justa, tudo milimetricamente distribuído.

Só que a vida não é matemática, a vida é orgânica.

E o que é orgânico muda de forma, cresce, retrai, precisa de mais ou menos atenção dependendo da fase. Assim como o cacto e a samambaia.

Uma samambaia precisa de sombra, umidade, rega frequente.

Se você tentar tratar um cacto da mesma forma, ele apodrece (vi isso na prática).

É a mesma coisa com a vida.

Muitas vezes a gente tenta tratar as coisas da mesma forma ou dando o mesmo peso quando na verdade, as coisas tem pesos diferentes e o contexto é completamente diferente também.

O tempo dedicado a samambaia é diferente do tempo dedicado ao cacto, mas isso não anula a importância de cuidar de ambos entendendo o contexto e necessidades individuais de cada um deles.

Ao contrário: foi quando eu parei pra refletir sobre contexto que entendi que se eu aplico a mesma energia em coisas diferentes, eu posso inclusive matar uma delas mesmo que de forma não intencional…

E por muito tempo eu tentei encontrar a rotina “equilibrada” até entender que isso não existe.

Tem fases em que a gente precisa de mais expansão, presença, entrega total (tipo a samambaia florescendo).

Outras em que precisamos ser mais resistentes, econômicos, sobreviver em meio à seca (modo cacto).

E tem momentos em que não estamos nem florindo (só estamos mantendo, sustentando o básico).

E tudo isso é saudável, desde que você saiba o que está acontecendo.

O problema é quando você se cobra viver todos esses estágios ao mesmo tempo.

Quando você acha que precisa dar 100% no trabalho, 100% na família, 100% nos amigos, 100% em você… tudo junto.

Isso não é equilíbrio, isso é ilusão.

O que existe são escolhas conscientes sobre o que faz sentido nutrir agora.

Se eu tento equilibrar tudo, eu fico frustrada porque é irreal, é impossível, não porque eu não sou capaz, é porque só não é algo honesto, nem justo.

Mas quando eu escolho o que priorizar no momento, eu consigo respeitar meu tempo, meu contexto e minha energia.

O que cabe dentro do tempo?

Essa frase acima sempre passa pela minha cabeça quando eu penso em escolhas e priorização.

O que cabe dentro do tempo? 

Quem responde isso é a minha agenda no Google agenda (ela me conta a verdade sobre o meu tempo) e é ali que eu olho pra responder se algo cabe no meu tempo ou não.

Eu tenho muito mais ideias do que tempo e recursos para executá-las e acredito que sempre vai ser assim porque ideias são infinitas mas o nosso tempo é finito.

Nessa vida, só temos duas certezas:

  1. A gente vai morrer.

  2. A gente vai precisar fazer escolhas.

E isso se conecta diretamente com essa questão de tempo e contexto pra saber o que é prioridade no agora.

O que cabe no agora? Qual é o foco?

Pensando em negócio, quem me guia nisso sendo a bússola é o painel de OKRs do Planning is Cool.

Isso me mostra o que cabe no trimestre.

Logo, isso se conecta com as iniciativas e projetos da empresa, que por sua vez se conecta com atividades, rituais, reuniões e por aí vai.

É com base nisso que eu entendo pra onde eu estou indo e o que precisa ser feito.

Maaaas, a vida não é só trabalho.

“O tempo é um sopro. O que fica é o que se viveu.”

Clarice Lispector

O trabalho é parte de algo grandioso que compõe nossa vida.

A vida é uma só mas nós somos múltiplos, somos muitos e temos muitas responsabilidades e papéis diferentes.

Eu por exemplo:

  • Sou mulher

  • Sou esposa

  • Sou filha

  • Sou irmã

  • Sou tia

  • Sou amiga

  • Sou professora

  • Sou estudante

  • Sou empresária

  • Sou líder

  • Sou a escritora aqui dessa newsletter

  • Sou estrategista e tantas outras coisas…

E tudo isso tem que caber dentro do meu tempo de alguma forma.

Entender que existem dezenas de áreas que podem compor nossas vidas, abre espaços pra gente entender o contexto e o tempo necessário pra cada área florescer.

Quais são as necessidades de cada área?

Que tempo existe disponível?

É importante fazer essas análises pra gente decidir com mais consciência e intenção.

Decisões conscientes e com intenção

Meu sábado no final de tarde com a família 💙

Já dizia Chorão: cada escolha uma renúncia isso é a vida.

Nessa semana, precisei tomar decisões consciente dos sacrifícios que algumas iriam exigir de mim.

É semana de lançamento de um novo produto, a Comunidade Planning is Cool.

Só que também é um período de viagem, onde eu vim passar a semana em Santa Bárbara do Sul, RS (minha cidade natal).

Eu nasci aqui, morei alguns anos na infância e depois na adolescência quando permaneci até meus 17 anos aqui e depois quis ir descobrir o mundo.

Aqui é meu lugar de raízes, foi aqui que meus ancestrais viveram.

Meus avós criaram meus pais aqui, tem também meus tios, primos e primas, amigos e amigas que já estão na minha vida há 32 anos.

Eu não vim de férias pra cá, trouxe o trabalho e responsabilidades junto também.

Para ver quem eu amo e ter tempo de qualidade com essas pessoas eu precisei tomar decisões conscientes do impacto e do sacrifício que muitas exigem.

Para ter uma tarde livre, precisei trabalhar a noite.

Para ter a manhã livre, trabalhei a tarde e noite.

Pra ter a noite livre, trabalhei durante a madrugada 2 dias…

E não foi um equilíbrio, tá mais pra malabarismo, eu confesso 😅

E novamente eu me peguei sentindo aquela coisa de “socorro Deus” e lembrei do cacto e da samambaia, então, me questionei:

  • Quais são os contextos?

  • Onde preciso investir tempo?

  • Do que eu vou abrir mão?

Investir tempo em X, implica em abrir mão de Y (e tá tudo bem).

Óbvio que fora da rotina e fora de casa minhas prioridades mudaram e eu precisei entender o que cabe dentro do meu tempo e tomar decisões sabendo que elas terão um impacto.

E repito: é uma fase.

A vida é feita de fases e cabe a nós entender o tempo e o movimento possível dentro do tempo que temos, olhando nosso contexto, recursos, possibilidades e inclusive aquilo que importa pra gente.

O trabalho contínuou, as entregas continuaram, a empresa está rodando, os clientes estão satisfeitos, o time está fluindo.

Não tem nada urgente travado mas tem coisas que eu adiei pra próxima semana, tem coisas que eu acordei às 3h30 da manhã pra fazer…

E agora escrevendo sobre isso eu percebi o quanto tem sido bom encontrar esses espaços para a vida fluir como tem que ser, abrindo espaços para quem amo e pra viver esse momento que não é sempre que acontece.

Afinal, o trabalho nunca terá fim, a nossa vida e a de quem amamos sim.

4 ferramentas pra te ajudar a entender onde focar

Na teoria tudo parece simples, né?

Mas quando a vida acontece de verdade, quando a agenda aperta, quando aparecem imprevistos, quando você precisa estar em lugares diferentes ao mesmo tempo, é aí que o bicho pega…

Eu já me peguei várias vezes naquela sensação de estar apagando incêndio o tempo todo e, ao mesmo tempo, sentindo que não estava fazendo o suficiente em lugar nenhum.

A famosa cobrança interna de que eu deveria estar em todos os papéis, em todos os lugares, dando conta de tudo.

Foi só quando comecei a colocar as coisas em ferramentas que a clareza apareceu.

Porque a verdade é dura, mas libertadora: a gente não dá conta de tudo, mas dá conta do que importa agora.

Essas são as quatro ferramentas que me lembram disso todos os dias:

Google Agenda

Print da minha agenda na semana que passou

Eu não vivo sem!

Não é só uma agenda, é o meu espelho.

Ele mostra a realidade nua e crua do meu tempo.

Ali não tem espaço pra ilusão.

Se a agenda tá cheia, não cabe mais nada, ponto.

É duro, mas me ensina a dizer não.

Notion

Meu Notion é meu segundo cérebro.

É ali que eu organizo as áreas da vida, os projetos, os rituais.

Quando eu abro, eu vejo o todo e ao mesmo tempo consigo enxergar a próxima ação.

É como se fosse o mapa que mostra o destino e a estrada que eu preciso trilhar ao mesmo tempo.

Toggl Track

Essa ferramenta já me deu tapas na cara.

Porque a gente sempre acha que passa “muito tempo” em algo, mas quando mede, percebe que não é nada daquilo (ou é o dobro rsrs).

Ela me ajuda a entender pra onde a minha energia está indo de verdade e se isso faz sentido com o que eu quero construir.

Vou deixar o link aqui, talvez seja útil pra te ajudar a entender onde você tem investido seu tempo e fazer uma “checagem da realidade” por aí.

Painel de OKRs do Planning is Cool

O painel de OKRs está no escritório compartilhado, disponível para todo time

Esse é o farol que guia minha empresa.

Quando eu olho para os objetivos do trimestre, tudo fica mais claro: se não está ligado a isso, provavelmente não é prioridade agora.

E confesso que isso já me salvou de cair na armadilha e na tentação de abraçar dez projetos ao mesmo tempo.

Essas ferramentas não são só “organizadores”.

Elas são lembretes vivos de que o tempo é finito, e que eu preciso escolher.

Raízes, sementes e futuros

E conectando tudo isso hoje nasce a comunidade e não é coincidência que o símbolo da comunidade seja uma semente em crescimento 🌱

Eu estou lançando esse projeto justamente de Santa Bárbara do Sul, o lugar das minhas raízes.

Daqui nasceu quem eu sou.

E é daqui que nasce também a Comunidade Planning is Cool, um espaço de pertencimento, troca e crescimento.

Uma semente representa origem, mas também possibilidade.

Ela carrega dentro de si tudo o que pode vir a ser, desde que seja nutrida do jeito certo.

É assim que eu enxergo a comunidade: um terreno fértil.

Cada pessoa que entrar vai colocar ali sua energia, suas experiências, suas dúvidas e sua vontade de crescer. E, em coletivo, isso vai florescer.

Não é sobre equilíbrio, é sobre contexto.

Não é sobre fórmula pronta, é sobre intenção.

Não é sobre tentar ser tudo ao mesmo tempo, é sobre escolher o que faz sentido no agora.

E eu quero deixar essa pergunta pra você:
O que você vai escolher nutrir essa semana?

Do Insight à ação

Hoje, eu quero te convidar a olhar para a sua vida como eu olhei para o cacto e a samambaia naquele dia.

Não tente dar a mesma água, a mesma luz ou a mesma energia para tudo.

Isso só vai gerar frustração.

👉 Pegue um papel ou abra sua agenda e responda:

  • Quais são as 3 áreas da minha vida que mais precisam de atenção agora?

  • Qual delas está florescendo (modo samambaia)?

  • Qual está apenas sobrevivendo (modo cacto)?

  • O que eu vou precisar deixar em segundo plano, com consciência, para conseguir priorizar o que importa no presente?

Depois, escolha uma ação prática para cada área.

Pode ser simples, mas tem que ser realista:

  • Mandar uma mensagem pra alguém importante.

  • Bloquear 1h na agenda para aquele projeto.

  • Delegar uma tarefa que não precisa estar nas suas mãos.

Porque, no fim, não é sobre equilibrar tudo.

É sobre escolher o que faz sentido nutrir agora.

Te vejo na próxima edição!

E ahhh, não esquece de deixar seu voto e comentário, isso é bem importante para analisarmos métricas e indicadores relevantes para o Planning.

Posso contar com você?

Com afeto,

Como você avalia a edição de hoje?

Sua opinião é importante para me ajudar a melhorar nas próximas

Faça Login ou Inscrever-se para participar de pesquisas.

Reply

or to participate.