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5 verdades que acredito sobre liderança
Planning News | Edição #014

Eu e parte do time do Planning na CAPIC2023
Você já pensou em jogar “tudo” pro alto porque não aguentava mais lidar com alguém?
Eu sim. Mais de uma vez. E sendo honesta, é provável que isso volte a acontecer, não só no trabalho mas na vida como um todo.
Essa semana, conversando com uma amiga que também lidera uma equipe, ela me disse algo que ficou ecoando:
“Duda, eu amo meu trabalho, amo a empresa que construí, mas tem dias que eu só queria sumir. E quase sempre o motivo não é o trabalho em si. São as pessoas e o desafio de lidar com elas.”
E eu entendi. Porque, mesmo amando gente, liderar é uma das coisas mais difíceis que já vivi na vida mas também uma das coisas mais bonitas.
E hoje eu quero escrever sobre isso pra você, como se fosse uma carta. Não pra te ensinar nada, mas pra dividir o que venho aprendendo e sentindo também.
Eu lidero projetos desde os 19 anos, mas, se eu for honesta, essa história começou bem antes. Na escola, na rua, nas brincadeiras. Sempre estive no meio das pessoas, puxando, organizando, escutando.
Sempre gostei de gente e de conversas profundas, de saber como o outro vê o mundo, sou uma pessoa curiosa e que ama ouvir histórias.
As pessoas são a fonte de toda a criatividade, soluções e inovações que existem no mundo.
Eu acredito que dentro de cada pessoa, existe uma chave que abre uma porta pra uma nova realidade.
Carl Jung dizia que dentro de cada um de nós vive “um outro mundo”, ou seja, cada pessoa é um mundo e na troca com o outro eu acesso partes de um novo mundo.
E talvez por acreditar também que somos feitos à imagem e semelhança de Deus, eu olhe pra cada pessoa como um espelho de algo divino e busco encontrar o tesouro escondido dentro de cada um(a) pra que eu possa conhecer mais uma parte de Deus.
Sim, eu busco conhecer Deus através da troca com as pessoas.
Apesar de tudo isso, liderar pode ser bem difícil.
Tem dias que dá nó na cabeça, que pesa no peito e outros é a coisa mais maravilhosa do planeta.
Às vezes, eu fico com a sensação de que não tô fazendo nada certo, de que sou uma péssima líder, de que falhei de novo. E nesses momentos, eu preciso respirar fundo, entender o que tá pegando e tentar ver com clareza.
A vida através de pessoas me ensinou que liderança não é sobre cargo.
É sobre comportamento. Postura. Presença. E, principalmente, sobre relacionamento.
Porque se eu não me relaciono, como é que vou gerar confiança? Sem confiança, como vou influenciar na direção? Como vou construir algo junto?
E é aqui que mora o ponto central dessa edição de hoje: os relacionamentos no trabalho, especialmente na liderança, são o que mais nos consomem emocionalmente. Muitas vezes mais do que metas, mais do que entregas, mais do que qualquer desafio técnico ou de processos.
Já vivi situações em que o desgaste com uma pessoa da equipe ocupava tanto espaço na minha cabeça, que eu mal conseguia pensar nas estratégias da empresa. Como se meu corpo estivesse presente, mas minha alma presa naquela tensão. E talvez você já tenha sentido isso também.
Se sim, quero te contar: você não está só.
Continue lendo pra descobrir o que eu busco fazer na prática pra conseguir criar um melhor ambiente de trabalho pra mim e para quem trabalha comigo, pra gente ter resultados sim mas principalmente: mais clareza e paz mental.
A origem do meu jeito de liderar

Print de um feedback no LinkedIn que eu recebi 🌱
Desde criança eu assumi o papel de “deixa que eu resolvo”.
Na escola, era eu quem liderava os trabalhos em grupo (mesmo quando ninguém me pediu), eu também sempre vencia nas votações de monitora ou oradora da turma.
“A Duda é uma ótima aluna, mas ela conversa demais” era a reclamação frequente das professoras para os meus pais.
Ai cresci e continuei essa garota curiosa e esquisita, que não se encaixava em panelinha nenhuma.
Eu conseguia ficar com a galera do skate, também andava com a turma do rock, conversava por horas com os nerds, frequentava a biblioteca quase todas as tardes, mas também conversava com os “boleiros” e as patricinhas e com todos os funcionários da escola, o motorista do ônibus, o atendente da padaria, a tia da merenda…
Eu tinha um senso de justiça bizarro principalmente com aqueles que não se encaixavam como eu, se uma pessoa fosse a “excluída” automaticamente virava minha protegida e não é a toa que eu fui “convidada a me retirar” de uma escola na sexta série por me envolver em encrencas demais, rs.
Eu não era a mais popular mas eu não passava despercebida, tinha poucos amigos íntimos mas era conhecida de muitos. E foi assim nas 4 escolas que eu estudei ao longo da vida em dois estados diferentes.
Aos 13, eu era chamada por muitos de “vereadora Duda da pista” porque toda tarde eu estava na pista de skate e conhecia os grupinhos.
Eu não tinha um grupo, mas por alguma razão eu conseguia transitar em vários e assim eu consegui construir uma visão tão única de mundo, aos 19 anos ao invés de ver isso como um fraqueza passei a ver como força com a ajuda de uma professora numa conversa que tivemos sobre eu não me “encaixar em nada”.
Nas brincadeiras de rua, eu montava as regras, escolhia os times, resolvia os conflitos.
Em casa, era eu quem puxava as conversas mais difíceis, mediava os conflitos ou cuidava do emocional da minha mãe quando o mundo lá fora apertava.
Só que ser boa com pessoas e liderar pessoas são duas coisas diferentes.
“A Duda é ótima com pessoas” foi algo que ouvi desde sempre ao meu respeito e foi exatamente isso que me abriu portas pra ser gerente pela primeira vez aos 19 anos.
Mas foi na minha primeira experiência que eu percebi a liderança como algo que vai muuuito além disso.
O início da minha carreira
No início da minha carreira, achei que liderar era fazer bem feito, inspirar pelo exemplo e esperar que o resto do time acompanhasse. Depois descobri que, mesmo com todo o exemplo, ainda assim as coisas desandam.
Senti na pele que na prática a teoria é outra, comecei a ler muitos livros sobre o assunto, o que me ajudou porque ninguém ensina a gente a ser líder… mas na hora H, nem sempre existiam respostas ou caminhos pra dúvidas ou problemas que surgissem no dia a dia com a equipe.
Cada pessoa é um mundo, cada empresa é um mundo e cada emprego foi uma jornada e aventura por muitos contextos diversos e sempre novos.
Liderar as vezes dói porque exige da gente mais do que entrega: exige emoção e energia.
A verdade é que não é o trabalho duro que esgota a gente. É o não dito, o mal entendido, o atrito que se repete, o silêncio que vira mágoa, a falta de reconhecimento que vira desânimo, o ruído que vira muro ou a falta de registros pra medir progressos.
Já vivi situações em que o desgaste com uma pessoa da equipe ocupava tanto espaço mental dentro de mim, que isso impactava em todo o resto da minha vida.
E o pior: às vezes eu sentia que estava errando só por sentir isso. Como se liderar com amor significasse nunca se irritar, nunca duvidar de ninguém, nunca pensar em desistir.
Mas não.
Amar pessoas não me torna imune à exaustão que pode ser lidar com elas.
Me torna apenas mais comprometida em encontrar caminhos para continuar e ouvi-las.
E quando eu era gerente de projetos ou gerente de conteúdo eu também continuei com meu senso de justiça sempre pensando no time e também no cliente, por transitar bem entre a estratégia e a operação eu comecei a conectar os pontos e entender que eu tinha dois clientes pra atender: o meu time e o meu chefe, os 2 precisavam estar contentes e de resultados pra si.
E que ser líder mais do que um cargo é um espaço de influência que conecta tudo dentro de uma empresa para que no final: todo mundo saia ganhando de alguma forma.
A parte invisível da liderança

Ilustração Pedro Vinicio
Segundo a Harvard Business Review, os maiores motivos de burnout entre líderes não são metas altas ou excesso de reuniões, mas sim problemas de relacionamento interpessoal.
58% dos líderes entrevistados apontaram que os conflitos com membros da equipe são a principal fonte de estresse no trabalho.
O relatório de bem-estar da Gallup também mostra que líderes que enfrentam tensão constante com seus times têm o dobro de chances de desenvolver quadros de ansiedade, insônia e fadiga crônica.
E o que isso me mostra? Que não sou só eu.
E que talvez você também esteja passando por isso, isso pode acontecer com qualquer um de nós.
Pra mim, Duda, a liderança acontece no espaço de troca entre duas pessoas.
Ela é construída a partir da confiança.
E essa frase me fez entender porque algumas lideranças são tão frágeis: porque falta confiança.
E confiança não nasce do cargo, nasce da relação e das entregas.
Liderança, pra mim, é antes de tudo sobre relacionamento. E relacionamento, por sua vez, é construção. Diálogo. Escuta. Frustração. E novas tentativas.
É quando eu deixo de olhar só pras minhas dores e começo a escutar a dor do outro também.
É quando eu entendo que eu preciso ouvir primeiro, entender outras perspectivas e ainda sim trabalhar em mim pra conseguir impulsionar o outro pra que ele seja a sua maior potência e alcance os seus melhores resultados.
Liderar é abrir espaço para que o outro possa brilhar, liderar é sobre servir e não sobre ser visto.
Mas isso não é fácil, envolve ego, envolve gente, envolve o mundo interno de cada pessoa que é carregado de muita história (inclusive o nosso), envolve desejos, sonhos, medos, metas, escuta, presença, paciência, dedicação, escolhas e sacrifício.
Coisas simples que me ajudam a continuar

Sim, tenho um diário de terapia no Notion e recomendo 🪄
Eu venho aprendendo (ainda com muitas quedas) que tem algumas coisas que me ajudam a não surtar como líder.
E eu queria compartilhar com você como sua amiga, não como especialista:
O único conselho que vou te dar nessa newsletter e possivelmente o mais importante é → se possível, faça terapia.
Eu faço desde 2019 e foi uma das melhores coisas pra minha vida e carreira.
Mas além disso, quero trazer algumas coisas que eu faço no dia a dia e me ajudam, talvez você já faz isso hoje também ou pode testar a partir de agora:
Eu estabeleço rituais de escuta na rotina.
Nada é mais urgente do que escutar quem está comigo no dia a dia. Marco reuniões, temos rotinas, sempre priorizando comunicar o que é necessário mas também abrindo espaços pra trocas e conversas sinceras.
Toda troca é um espaço de escuta.
Eu reviso os papéis com frequência.
“Será que o que foi combinado a 6 meses ainda tá fazendo sentido?”
Porque, às vezes, o que cansa é só a bagunça de expectativas.
E no diálogo a gente entende se tá fluindo ou o que precisa ser ajustado. Isso vem de conversas, reflete em matriz PRC, falei sobre ela na edição 15 formas de organizar (de verdade) uma empresa | Parte 3
Eu pergunto: "isso é sobre mim ou sobre uma entrega?”
Tem coisa que dói porque é pessoal. Tem coisa que é estrutural.
Eu busco fazer essa separação, isso ajuda e deixa tudo mais leve porque o foco está na criação e não no criador.
E tem dores que trato em terapia ou em diálogos com o meu círculo íntimo e de confiança.
Não dá pro líder “despejar” no time suas questões, a gente precisa entender os lugares e quais pápeis representamos onde.
Eu crio respiros reais.
Dias sem reunião. Silêncios respeitados. Momentos só meus. Espaço pra pensar.
Porque ó, pensar dá um trabalhão, viu? É preciso tempo e bastante energia e as vezes a gente esquece desse momento pra pensar que é super importante, principalmente na nossa consultoria onde basicamente trabalhamos resolvendo problemas todos os dias e criando soluções inteligentes.
É preciso pensar. É preciso espaço para criar.
Hoje no Planning por exemplo a nossa quarta-feira é sem reuniões, nem com o time interno, nem com clientes, nada, porque a gente precisa de espaço pra focar um dia sem interrupções.
Eu Duda gosto muito e o time também, é o dia do fluir, estamos testando e tem sido bom.
Eu pratico nomear o que estou sentindo.
Não é drama, gosto de chamar de “dado emocional”, afinal se indicadores são números, os sentimentos indicam as dores e somam nesse conjunto pra gente analisar o todo, então é importante entender a causa do sentimento não só o sintoma e o sentir.
Quando eu consigo dizer “estou frustrada porque me sinto sozinha” ou “estou irritada porque o prazo não foi cumprido”, eu começo a sair do turbilhão e entrar na clareza.
“Nomear é a primeira etapa para transformar.”
Eu me deixo sentir.
Tem dias que eu choro. Tem dias que eu falo pra minha terapeuta: “não aguento mais”. E tudo bem.
Sabe por quê? Porque a liderança também é humana.
E, se eu quero cultivar humanidade na minha empresa, eu preciso começar por mim.
Afinal, se o líder cuida da equipe, quem cuida do líder? na maioria das vezes vai ser nós mesmos, terapias e rotinas e relacionamentos que nos despertem e desenvolvam.
5 verdades que eu acredito sobre liderança

Plaquinha que o time do Planning me deu no final de 2023 💙
Bom, te contei como comecei na liderança, falei sobre ações que tento trazer pro meu dia a dia que me ajudem a ter uma leveza maior como líder hoje de uma empresa.
Depois de tantos projetos, conversas difíceis, noites mal dormidas e alegrias inesperadas, cheguei em algumas verdades que me acompanham como bússola quando o assunto é liderança e vou te contar aqui também:
Elas não são fórmulas. São lembretes.
E eu quero dividir com você, isso vem de curadorias, meus estudos, livros e vivência prática, vou te contar as 5 verdades que eu mais defendo sobre liderança dentro do meu jeito de liderar, o que eu faço pra ser vista como essa “liderança que abre portas:
1. Ouvir é mais importante do que falar
Muito se fala sobre oratória e o poder do comunicar e eu acho isso ótimo, mas e a “escutatória”?
Todo mundo quer falar, mas quem para pra ouvir? Pra perguntar?
Quem escuta (de verdade) os clientes? E o time? Quem escuta com presença?
E sendo honesta eu só entendi que eu não sabia ouvir em 2014 quando li o livro O Monge e o Executivo, depois de ler ele e de várias aulas do Alessandro Goes, ficou nítido que eu me preocupava mais em falar do que em ouvir.
De lá pra cá eu busco trazer isso como verdade número 1 que me guia, nem sempre é algo natural (a maioria das vezes não), ai eu respiro e repito mentalmente “hey, escuta.. preste atenção, volta aqui”
E aí busco me conectar e ouvir com mais intencionalidade, como uma “detetive”, percebendo gestos, tom, postura, energia e também as palavras verbalizadas ou escritas e claro, anotando sempre que possível e filtrando o que preciso deixar criar raíz ou o que preciso deixar ir.
Busco ouvir e enxergar o que importa para as pessoas.
“Quebre seus espelhos, estilhace o vidro. Nessa sociedade autoabsorvida, olhe menos pra você mesmo e mais para os outros. Aprenda mais sobre o rosto do seu vizinho e menos sobre seu próprio rosto”
Isso não significa ignorar o meu eu, não significa não me perceber e não assumir meu protagonismo, mas representa perceber a outra pessoa e entender o que é melhor pra ela e pra empresa, é sobre ver o todo e não apenas o meu umbigo.
É sobre o interesse coletivo e a fluídez no dia a dia em prol de um resultado esperado que é sempre alcançado em conjunto.
Afinal, ninguém prospera sozinho.
2. Liderança é relacionamento
Isso eu entendi pela primeira vez na minha pós-graduação em liderança transformacional em 2015, e depois de ouvir sobre isso eu passei a observar a vida e ver que de fato isso fazia muito sentido.
Em 2022 enquanto eu andava pelas ruas cobertas de neve em Nova York pela primeira vez, contemplando a decoração de natal e as luzes da cidade a noite encontrei uma livraria e entrei, fiquei caminhando nos corredores e procurando um livro que falasse com o meu coração.
As vezes eu tenho a sensação que um livro me chama, você já sentiu isso? Eis que eu me deparei com esse livro:

O livro que me chamou 💙
Em Leadership is a Relationship, os autores Michael S. Erwin e Willys DeVoll apresentam uma coletânea envolvente de entrevistas com líderes que alcançaram o sucesso ao priorizar o bem-estar das outras pessoas.
Com histórias inéditas de líderes como a lenda olímpica Kerri Walsh Jennings, o ex-secretário de Assuntos de Veteranos Bob McDonald e a diretora visionária Dra. Virginia Hill, o livro mostra como você também pode se tornar uma liderança baseada em relacionamentos e prosperar neste mundo caótico e digital.
PS: esse livro ainda não tem tradução em português, mas pra quem lê em inglês vale muito a pena! Vou deixar o link dele aqui.
Eu realmente acredito que liderança é relacionamento.
Por isso, gosto de investir tempo com as pessoas e entender que elas são o maior tesouro da empresa e são elas quem irão construir resultados incríveis junto comigo.
Liderança não é cargo, não é crachá, não é planilha. É a qualidade dos vínculos que você constrói todos os dias.
“Conheça todas as teorias. Domine todas as técnicas. Mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”
É a confiança que você planta e, às vezes, precisa regar por muito tempo até florescer.
É por isso que no Planning is Cool nossa principal bandeira é: pessoas em primeiro lugar, desde o nosso dia 1.
É nesse relacionamento e nessa troca que eu também consigo aprender e evoluir, aprendendo com as pessoas e as situações do dia a dia.
E experiência nisso é uma coisa que só se aprende vivendo e fazendo, porque construir um relacionamento no trabalho é igual na vida: leva tempo.
Uma série que eu amo e acredito que se encaixa aqui também é Ted Lasso, já viu? Se não, eu recomendo muito! É uma verdadeira aula de liderança como relacionamento! Sério, é uma série incrível!

A série que eu falei! Recomendo muito. Ted Lasso, tá na Apple TV+
3. Não há nada como um sonho pra criar o futuro
A real é: por mais complexas que sejam, pessoas continuam sendo… pessoas. E pessoas têm sonhos.
Todo mundo sonha com alguma coisa: uma vida mais leve, uma viagem especial, ter filhos, uma casa com quintal, uma promoção, um tempo de paz, um amor, um salto de paraquedas.
Sonhar é o combustível invisível que move a vida.
E por isso, na liderança, eu tento me manter atenta aos sonhos das pessoas ao meu redor. Me importa saber o que elas querem conquistar e, mais do que isso, como eu posso contribuir para que cheguem lá.
Porque trabalho em equipe não é a equipe servindo ao líder. É o líder e a equipe juntos, com papéis diferentes, mas com o mesmo objetivo: vencer como time.
Liderança é a coragem de cuidar das pessoas e dos seus potenciais.
E quando a gente fala de futuro, é importante perguntar:
Qual é o sonho do seu time?
Qual é o sonho dos seus clientes?
Qual é o seu sonho?
A liderança começa a se transformar quando você percebe que seu papel não é só delegar, cobrar ou direcionar.
Por isso, é importante enxergarmos a pessoa por trás do papel e também ajudar as pessoas e sustentarem seus sonhos com ação.
Um livro que me fez enxergar isso com ainda mais força foi A Fagulha, a Chama e a Tocha, do Lance Secretan.
Ele fala sobre como inspirar pessoas a partir daquilo que existe de mais verdadeiro dentro de você (suas convicções, seus valores, sua história) e como líderes que carregam um propósito claro conseguem acender o entusiasmo nos outros, ajudando a construir futuros possíveis com mais consciência e humanidade.
A visão do futuro que a gente tem precisa ser compartilhada, sustentada e construída a muitas mãos.
Sozinho, ninguém consegue nada.
Tudo é criado por pessoas, para pessoas.
E liderar também é isso: sonhar junto e construir junto.
4. É preciso ter uma mente e coração abertos
A pior coisa que pode acontecer como líder é se fechar.
Fechar a mente pra novas ideias. Fechar o coração pra quem pensa diferente. Fechar o ouvido pra quem traz um ponto de vista que você ainda não tinha considerado.
Eu já me fechei, algumas vezes…
Principalmente quando me senti atacada ou cansada demais pra ouvir. A gente acha que se proteger é se fechar mas às vezes, ao fazer isso, a gente bloqueia justamente aquilo que poderia nos ajudar a sair do buraco.
Ter mente e coração abertos não significa aceitar tudo ou dizer “sim” pra todo mundo.
Significa saber escutar sem já estar formulando uma resposta.
Significa olhar com curiosidade antes de julgar.
Significa perguntar: “E se eu estiver errada?” ou “Será que essa pessoa tá vendo algo que eu não tô enxergando?”
Eu aprendi que toda vez que eu endureço, algo dentro de mim vira um peso. Mas quando eu abro, algo floresce (às vezes devagar, às vezes rápido). Mas sempre floresce.
Ser líder não é estar sempre certa.
É ter coragem de se colocar em movimento, mesmo quando isso exige abrir mão de certezas antigas e sobre se desculpar quando errar.
Pra isso o livro que eu recomendo é a Bíblia, e essa é a minha versão predileta (curiosidade: sou formada em teologia, uma base que me ajuda muito a pensar sobre liderança).
Foi com a Bíblia e através da história de Jesus Cristo que eu aprendi que não preciso ser uma “líder boazinha” eu preciso ser uma líder íntegra, que se importa, que escuta, se relaciona, que simplifica, que apoia e tem a mente e o coração abertos pra aprender com o diferente tendo clareza da visão, foco e performance.
“Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para se irar.”
E pra isso, às vezes, a gente tem que engolir o ego.
Esse ego que grita dentro da gente dizendo:
"Você precisa ter razão."
"Você precisa se proteger."
"Você não pode demonstrar fraqueza."
Mas sabe o que eu tenho aprendido?
Quando o ego entra no comando, a razão e coração saem da conversa.
E aí a gente para de ver o outro como pessoa e começa a ver como obstáculo. A escuta vira julgamento. A relação vira disputa. E o que era pra ser uma construção vira um campo de guerra silencioso onde ninguém ganha de verdade.
É por isso que, pra mim, autoconhecimento não é luxo. É questão de sobrevivência emocional.
Terapia, pra mim, não é só um cuidado pessoal é também uma prática de liderança.
Porque como CEO, como fundadora, como dona de empresa, eu não tenho um líder acima de mim.
Eu sou a líder.
E se eu não tiver quem me aponte caminhos, quem me questione, quem me lembre que eu também sou humana… eu viro refém das minhas próprias certezas e isso é bastante perigoso.
Ser líder não é sobre controlar tudo. É sobre crescer junto com o time e isso só acontece se você tiver a coragem de se olhar de frente.
E olha… tem dias que é difícil. Tem dias que dói. Mas é assim que a gente se torna alguém que inspira não só pela fala, mas pela forma de existir.
5. É necessário criar espaços

Eu e parte do time do Planning na CAPIC2024
Se tem uma coisa que eu acredito com força (depois de ter quebrado muito a cara) é que a liderança não é sobre ocupar todos os espaços. É sobre criar espaço pros outros existirem.
Durante muito tempo, eu achava que liderar era estar sempre presente, acompanhar tudo, revisar cada detalhe, tomar todas as decisões, resolver o que estava travado, saber de cada coisa. Mas sabe o que eu aprendi? Quando eu ocupava todos os espaços, as pessoas paravam de ocupar os delas.
Elas hesitavam. Recuavam. Esperavam a minha validação. E eu, sem perceber, estava travando o crescimento do time enquanto me afogava no acúmulo.
E só senti isso na pele de fato quando percebi que eu era o principal gargalo da minha empresa, que era em mim que as coisas travavam (e as vezes ainda travam tá?)
Mas diante de tudo que vai acontecendo, eu busco abrir espaços pra que as pessoas possam brilhar em algo que elas são muito boas fazendo, busco abrir espaço pra escuta, pra troca, pra co-criação, pra pensar junto e pra aprender com meu time.
Criar espaço é um ato de confiança (mas também de responsabilidade). É sobre dar liberdade com clareza.
É sobre deixar a autonomia chegar junto com o apoio.
É sobre mostrar que o erro faz parte do caminho, e que ninguém precisa fingir ser perfeito pra ser valorizado.
Hoje, o que eu tento cultivar no Planning é um ambiente onde:
As pessoas saibam que podem discordar de mim e me façam provocações.
Ninguém precisa pedir desculpas por fazer perguntas.
O erro vira aprendizado, não julgamento.
A vulnerabilidade é acolhida, não punida.
A gente pode e deve pensar junto e co-criar.
Eu penso que ser líder é mais como ser jardineira do que comandante.
Não é gritar ordens de um lugar alto. É cuidar do solo, da luz, da temperatura, da água, entender sobre as estações… e confiar que cada planta tem seu tempo pra florescer.
E mais do que isso: que cada uma vai florescer de um jeito único e que não cabe a mim controlar, podar ou moldar tudo do meu jeito.
Isso também exige humildade. Exige escuta. Exige saber sair de cena quando for a hora.
Dois livros que me ajudaram a entender melhor isso foram: Great leader to work e O gerente minuto (que me ensinou principalmente a ser uma caçadora de acertos).
Às vezes, a melhor coisa que um líder pode fazer é sair do centro e sustentar a estrutura que permite os outros brilharem.
Esse é o tipo de liderança que eu acredito. E é por isso que, aqui no Planning is Cool, uma das perguntas que mais faço quando algo não tá fluindo é:
“Será que as pessoas estão ocupando os espaços onde podem brilhar?”
Porque, no fundo, todo mundo precisa de espaço pra existir. E liderar é garantir que esse espaço seja real e seguro.
Um filme que eu amo e indico sobre esse tópico é The Greatest Showman (O Rei do Show), se você ainda não conhece, vale muito a pena!

Esse filme é um dos meus prediletos da vida! Tá no meu top 3, super recomendo =)
Do Insight à ação
Liderar é, muitas vezes, segurar o caos com uma mão e a esperança com a outra.
É seguir mesmo quando parece que nada tá dando certo e, ainda assim, continuar criando espaços onde as pessoas possam florescer.
E isso inclui você.
Então, antes de pensar no próximo planejamento, próximo projeto, próxima entrega…
Pare. Respire. E se pergunte com honestidade:
“Como eu estou ocupando o meu próprio espaço dentro da liderança que exerço?”
“O que eu preciso hoje pra continuar sem me perder de mim?”
Talvez seja coragem pra ter uma conversa. Talvez seja descanso. Talvez seja terapia. Talvez seja só escutar com mais presença.
Seja o que for, eu espero que essa newsletter tenha te lembrado de uma coisa:
Você não está sozinho(a) 💙
E não precisa ser perfeito(a) pra ser um(a) excelente líder.
Ação para a semana:
Escolha uma pessoa do seu time ou até mesmo na vida alguém com quem a relação está tensa, distante ou travada. Chame pra conversar. Não com objetivo de resolver tudo. Mas pra escutar, entender, abrir espaço.
Às vezes, a transformação começa só com uma pergunta: “Vamos conversar?”
Testa, pode ser um primeiro passo que vai te trazer mais paz e novos alinhamentos pra resolver coisas que podem ser resolvidas.
Boa semana pela frente e até o próximo domingo, te encontro aqui às 08h08.
Com afeto,

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